á já um bom punhado de anos exerço o ofício de cortar, dobrar e soldar o aço. Como autodidata que sempre fui em todas as áreas da minha vida, meus estudos com a arte, desde que a abracei com braços, pernas, olhos e almas, foram, são e sempre serão estudos experimentais feitos em parceria com minhas ferramentas, minha solda, meu plasma, minha furadeira, meu giz, minha solidão, uma tal atividade cerebral frenética e minha bancada de trabalho. Isso sem, em momento nenhum, desmerecer qualquer esforço acadêmico de alguém, e convicto de que os diversos caminhos são traçados de acordo com a necessidade, o desejo e o coração de cada um.
O cerne, a princípio inconsciente, sempre foi fazer com que o aço, apenas aparentemente rígido e inerte, andasse na trilha da leveza e do movimento... talvez, quem sabe, uma autêntica busca interna. Provar que o que se mostra a princípio nem sempre é um fim, mas vai além de uma mera primeira impressão, e que com um pouco de esforço, suor, dedicação e atenção, aplicando um pouco de criatividade, traz-se à tona a alma daquilo, a alma que não se via. Assim é o meu trabalho. Assim é a vida do meu aço.
“All we are is dust in the Wind”
Rigo. 2020
Clique na imagem e assista o vídeo com a crônica narrada pelo Rigo.